Á faz um mês que você se foi. Mas parece que ainda o sinto aqui, perto de mim. Tenho sonhado com você, tenho escutado sua respiração ao dormir, tenho, às vezes, a sensação de escutar sua voz chamando meu nome. Será que estou enlouquecendo?
Às vezes, acho que está me chamando para ir contigo, ir para onde você está. Mas por que isso? Não que eu não quisesse, mas porque não poderia. Não seria correto e nem prudente. Ou seria?
Pensei que estaríamos juntos para sempre. Você me disse que era pra sempre, mas o sempre acabou mais rápido do que podíamos imaginar.
Afundo meu corpo e minha cabeça na banheira tentando afogar meus pensamentos de você. Porém, parece que apenas os torno mais fortes. Quando estou debaixo d’água, posso vê-lo sentado na ponta da banheira, olhando para mim com seu doce e lindo sorriso. Realmente, devo estar enlouquecendo.
Quando me levanto, você já não está mais lá. Enrolo-me no roupão e me coloco diante do espelho. Percebo que o mesmo estava embaçado, limpo com a mão e vejo seu reflexo nele. O susto é imediato. Olho para trás rapidamente, mas não há ninguém. Porém, quando volto a olhar para o espelho, você ainda está lá.
Estou surtando. Seus olhos olhando para os meus; um semblante sério de quem pretende falar algo importante, mas nada diz. Vejo você estender a mão para mim. Eu sei o que quer, e não irei mentir: quero o mesmo.
Estendo minha mão em sua direção. Mesmo pelo espelho, eu posso senti-lo. Sim, eu posso sentir... não sei como. Sinto-me sendo puxada e deixo-me levar. De alguma forma sobrenatural, eu consegui atravessar o espelho. E, naquele momento, eu me encontro em seus braços . Não sei como, mas estou feliz porque estou com você e isso é tudo que me importa.
— Então, policial, como eu estava dizendo, eu a encontrei no banheiro caída no chão e o espelho quebrado. Seu semblante era o mais assustado, de olhos abertos e sorrindo como se estivesse feliz. Eu não sei o que aconteceu. Ela tem estado estranha desde a morte do Tony, seu noivo. Mas eu não sabia que era tão grave. — Bárbara chorava diante do policial que anotava tudo, tentando obter um diagnóstico da situação. A causa da morte que, a princípio, era misteriosa, tinha algumas suspeitas e uma delas era de suicídio. Mas aquele caso provavelmente constaria dentre os casos inexplicáveis, pois não havia sangue e nenhum remédio para uma _overdose_ , não havia nada que pudesse comprovar sua morte como suicídio. Ela só morrera inexplicavelmente.